segunda-feira, 12 de outubro de 2009

CONVERSANDO COM LULUCA...


Por desencontro de agendas entre eu e Zilá, vou adiantar a conversa com Luluca, prometendo que tão logo seja possível, a conversa com a companheira Zilá aquí estará postada.
Luiz Nunes Pereira (Luluca), até 1969 morava Morro do Quadro reduto das Escolas de Samba Estrêla e Império da Vila.
Em 1970 Luluca veio para Jucutuquara juntamente com sua família, porém enfatiza não ser fundador do Bloco Unidos de Jucutuquara.

MF- Luluca, como você chegou ao Unidos de Jucutuquara?

Luluca- Eu era um admirador do Bloco Unidos de Jucutuquara, durante dois anos acmpanhei sua concentração no Bar Copa 70. No ano de 74, por intermédio do Dr. Alarico, silvinho, Juca, Alaor, esses responsáveis pela Ala Universitária,passei a participar do Bloco.

MF- Luluca, sabemos que você foi o primeiro relações públicas do Bloco, como isso ocorreu?

Luluca- Trabalhava para uma gravadora fazendo divulgação de seus produtos, e por esse fato tinha acesso à todas as emissoras, dessa forma, ao mesmo tempo que fazia meu trabalho, divulgava as atividades do Bloco.

MF- Naquela época, como era se envolver com o Unidos de Jucutuquara?

Luluca- O bloco era uma coisa comunitária, não tinha como não se envolver, meu trabalho não se limitou à divulgação, emendei muitas gambiarras na quadra de Máximo Varejão, amarrávamos também muitas faixas nos postes anunciando nossos eventos, o detalhe é que ninguém recebia nada por esse trabalho.
Lembro um dia em que Jucutuquara teria um evento, e Ditão se mostrava preocupado quanto à presença do público, larguei tudo e mergulhei nas rádios, quando a noite chegou, a quadra estava lotada.


MF- Como foi aquela história de levar nossa bateria num programa de rock?

Luluca- Essa foi mais uma das doideiras da época,não havia radicalismo cultural e conseguimos colocar nossa bateria ao vivo no programa de Marcos José Lima (Marcão), na Rádio E. Santo, a partir daí ninguém mais segurou Jucutuquara.

MF- Diga um momento que te marcou em Jucutuquara...

Luluca - Foi no carnaval de 2005, quando fui convidado a desfilar no carro dos bares, entendi como um momento de reconhecimento, pois depois que o bloco se transformou em Escola, nunca havia sido convidado para nada.

MF- Luluca, no Conselho Deliberativo de Jucutuquara,temos pessoas que cobram até para bater um prego, porque você que tanto fez não está lá?

Luluca- Não aceitei, por não ter tempo para participar das reuniões, trabalho à noite e entendi que não seria justo estar lá. Pelo mesmo motivo, não participei da harmonia, por não poder participar de uma dessas oficinas para saber o que fazer e como se comportar na avenida.

MF- Luluca, porque Jucutuquara tem dificuldades de se organizar administrativamente? Porque não temos quadro de sócios?

Luluca- Rapaz, o "Sócio Cartola", foi uma tentativa de organizar, arrecadar e reconhecer os colaboradores. A única coisa que tínhamos e temos a oferecer, é o samba, mas mesmo assim, muitos compraram aquele título, no entanto a falta de estrutura administrativa fez com que esse projeto morresse. Talvez essa mesma falta de estrutura impessa que o quadro de associados seja criado hoje.

MF- Luluca, voltando ao passado lembro que muitas vezes saímos com Mauro Guimarães para fazer compras para o Bloco, o que você lembra desses momentos?

Luluca - Nós íamos sempre em três ou quatro, pois essa história de carimbar todo mundo de ladrão é antiga, o dinheiro era curto, algumas vezes o material saía sem ser pago, mas sempre que isso ocorria era por esquecimento...rsrsrs.

MF- Luluca lamenta constar no quadro de conselheiros de Jucutuquara, pessoas que nunca foram a um ensaio de Jucutuquara enquanto Bloco e o fato de tantos outros que tanto se doaram, serem condenados ao esquecimento desde que o Bloco virou Escola.
O outro fato que Luluca fez questão de registrar é que no seu entender, Tonico do Cavaco foi boicotado e injustiçado em seu mandato.
Eu quero agradecer a Luluca por ter se disponibilizado a fazer essa conversa e dizer, o MANCHAFOLIA está à disposição de todos que queiram contar sua história dentro do Bloco e Escola Unidos de Jucutuquara.


4 comentários:

  1. Mais uma entrevista emocionante que mostra a raiz da Escola do que alguns teimam em não enxergar. Luluca é um dos que não precisa de títulos, mandatos e etc - ele é Coruja e sempre esteve a serviço dela. Ao mencionar as gambiarras feitas na Quadra de Máximo Varejão me fez chegar exatamente ao inico da minha história, foi lá que ouvi o toque arrepiante da bateria, foi lá que vi Mariza, linda, empunhando a sagrada bandeira, foi lá que aprendi a cantar: Tem, tem, tem, tem mironga meu irmão. Foi lá que firmei um compromisso de coração e corre o tempo com alegrias estupendas e decepções não menos. Mas corre o tempo e ele como senhor da razão nos mostrará o que precisamos ver. Deixar na dispersão tudo o que temos, continua sendo inadmissivel. E corre o tempo...

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  2. Pois é Dione, vc como ninguém pode dizer sobre essa emocionante entrevista.Faço minha as suas sábias palavras acima....

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  3. MANCHA, TENHO UM PEDIDO E UMA SUGESTÃO A FAZER.GOSTARIA MUITO DE LER UMA ENTREVISTA SUA FEITA COM A DIONE E COM REGINA PEPINO. PESSOAS PELO QUAL TENHO GRANDE ADMIRAÇÃO E TEM MUITA HISTÓRIA PARA CONTAR PRA GENTE SOBRE O CARNAVAL CAPIXABA.
    GRANDES GUERREIRAS DO SAMBA, DIONE E REGINA!!!!
    VALEU MANCHA !!!!!

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  4. Mancha, hoje assitindo o Programa de Chicão, ouvi um samba que dizia assim: "Agora que a bananeira já deu cacho, vc chega lá de baixo, prá cortar nossa raiz".

    Qualquer semelhança, é a mais pura realidade. E corre o tempo!!!

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